quinta-feira, 5 de maio de 2011

Certo e errado sobre FEBRE

Febre não é doença, mas um sintoma que pode significar desde um simples resfriado a uma infecção grave. Os recém-nascidos, principalmente, devem ser logo medicados, para não correr riscos de desidratação ou convulsão. No caso das crianças maiores, algumas medidas podem adiar o remédio. Ou até mesmo evitá-lo.


Temperatura acima de 37º significa febre
ERRADO. A temperatura normal do corpo varia entre 36,5º e 37,5º. Só acima de 38º é que passa a ser considerada febre.

Se a testa da estiver quente é febre certa
ERRADO. Pelo tato, não se consegue distinguir uma temperatura entre 37,2º e 38,3º e, portanto, saber a hora de entrar com o medicamento.

Passar uma esponja com álcool no corpo faz baixar a febre
ERRADO. O álcool tem um calor específico muito alto, que acaba passando para a criança. Melhor dar um banho (de morno para frio) ou envolver o bebê em um lençol úmido, por alguns minutos. Fazer uma compressa com gelo nas axilas, virilhas e testa também dá ótimos resultados.

A febre é mais perigosa nos recém-nascidos
CERTO. Um bebê de um mês com febre de 37,8º deve ser logo levado ao médico. Devido à fragilidade de seu sistema imunológico, mesmo que não apresente nenhum sintoma, ele pode estar seriamente doente e desidratar em pouco tempo. Acima dos quatro meses, alguns sintomas já aparecem – nariz entupido, coriza, diarréia – facilitando o diagnóstico. Depois de três anos, se a febre não trouxer outras complicações e não passar de três dias, não é necessário procurar o pediatra.
Até os 37,8º não se dá antitérmicos
CERTO. Este estado, chamado de subfebril, pode ser revertido apenas com o banho quase frio. Oferecer um antitérmico, nesta situação, pode levar à hipotemia aguda, ou seja, a temperaturas abaixo de 36º.

Só é necessário procurar o pediatra se a febre passar de 38º
ERRADO. A febre é apenas um sintoma, que deve ser observado com atenção. Avalie o estado geral da criança, sua disposição para brincar, seu humor. Dependendo do quadro, procure o pediatra.

Uma criança com febre alta pode ter convulsões
CERTO. Normalmente de origem hereditária, acontece somente com 5% delas e na faixa de idade entre seis meses e dois anos. São tremores incontroláveis que podem durar apenas alguns segundos. Caso seu filho tenha tido convulsões antes, observe para que a temperatura não ultrapasse os 38,5º.

Diante da convulsão, não há o que fazer; só esperar que passe
ERRADO. Logo que acontecer, deite a criança em um local plano e retire seu agasalho. Verifique se ela tem alguma bala ou chiclete na boca e jogue fora. Vire sua cabeça para o lado, de forma que não sufoque, caso venha a vomitar. Ligue imediatamente para o médico.

Uma criança febril deve ficar em casa e na cama
ERRADO. Não é necessário que ela permaneça deitada o tempo todo, mas convém não se agitar muito. Dependendo da causa da febre e do próprio temperamento, as reações podem variar: algumas crianças continuam brincando normalmente; outras ficam mais abatidas. Quanto a sair na rua, não existe impedimento, desde que não haja uma mudança brusca de temperatura. Nem calor, nem frio excessivos do lado de fora. Deve-se evitar, também, ambientes fechados. Mas, atenção: quem está com doenças contagiosas, como catapora, cachumba, rubéola ou sarampo, precisa ficar isolado para não transmitir o vírus.

Segundo o IMPI

"Febre dá convulsão?
Não. A convulsão febril, ou seja, aquela desencadeada por um episódio febril, só ocorre em torno de 4% das crianças. Essas crianças, já nascem com uma predisposição genética para apresentar convulsão febril e habitualmente apresentam história de casos semelhantes na família (pais, irmãos, sobrinhos, etc). Portanto, a maioria das crianças (96%), mesmo que apresentem episódios de febre elevada, jamais terão convulsão febril.

A convulsão febril pode acontecer em qualquer idade?
Não. Ela só ocorre na idade compreendida entre 6 meses à 6 anos.

A convulsão febril pode levar a morte?
Não. Apesar de ser um evento bastante angustiante e assustador para os pais, a convulsão febril é um evento benigno. Ela não dura mais de 5 minutos e nem deixa seqüelas. As crianças que a apresentam, vão se desenvolver normalmente, não vão se tornar epilépticos e serão adultos completamente normais." 
Por que a criança tem febre?
Toda criança, em algum tempo da sua infância, vai apresentar um ou mais episódios febris. A febre faz parte da vida e é registrada em todos os animais que atingiram um grau de desenvolvimento de maior complexidade.
Sabe-se hoje que a febre, além de ser um aviso do organismo de que algo está ocorrendo (na maioria das vezes infecções provocadas por vírus, de natureza benigna e evolução auto-limitada), também corrobora para que o indivíduo se defenda melhor das agressões de que é vítima, em especial as infecções.
Ou seja, a febre deve ser encarada mais como uma amiga do que uma inimiga.

E o que é a febre na realidade?
A febre é a elevação anormal da temperatura corporal, provocada habitualmente por agentes infecciosos (vírus, bactérias, etc) que estimulam um centro termoregulador localizado na região do hipotálamo no cérebro. Esse centro, ao ser estimulado, libera algumas substâncias químicas que vão fazer com que certos órgãos, em especial o fígado e a musculatura, aumentem a termogênese. Por outro lado, essas substâncias também fazem com que a pele diminua a perda de calor para o ambiente.
É por isso que a criança com febre geralmente se apresenta com as mãos e os pés frios (vasoconstricção periférica), cabeça quente, pele arrepiada (piloereção) e sente calafrios.
Apenas as infecções podem originar a febre?
Não, uma série de outras doenças não infecciosas, como por exemplo, os processos inflamatórios crônicos (lupus, artrite reumatóide, febre reumática), alguns tipos de câncer, drogas, também podem provocar febre.
A febre oferece algum benefício à criança?
Sim, como dissemos anteriormente, a febre ajuda nas reações de defesa do organismo. Ela ativa o sistema imunológico, fazendo com que a criança se defenda melhor da infecção, assim como participa ativamente da resposta inflamatória do organismo frente as agressões sofridas pelo meio em que ela vive. Além disso, a febre é um sinal, um aviso de que alguma doença esteja começando no organismo.
Imagine em quanto seria retardado o reconhecimento de algumas doenças se não ocorresse a febre!

Um ambiente muito quente também pode provocar febre?
Sim. Banhos de sol demorados em horários inapropriados (entre 9:00 h e 15:00 h), desidratação, uso de roupas em excesso, exercícios vigorosos, também podem provocar a elevação da temperatura corporal.
Na realidade, a denominação mais correta para essa situação seria a de hipertermia e não de febre. Nessa situação, o mecanismo central de termoregulação não está envolvido, não ocorrendo uma reação inflamatória de defesa como na febre.

Como deve ser aferida corretamente a temperatura?
A temperatura pode ser aferida na região axilar, bucal, retal ou auricular. A mais utilizada entre nós, por aspectos culturais e higiênicos, é a axilar. Entretanto, ela é a menos fidedigna.
Antes de fazer a aferição, sempre procurar baixar a coluna de mercúrio; o termômetro de mercúrio é mais seguro do que o digital. Colocar o termômetro na prega axilar e aguardar durante 3 minutos, antes de fazer a leitura.

Quando uma mãe refere que seu filho está com febre, sem usar um termômetro, ela pode estar errada?
Habitualmente não. Apenas com a palpação da criança (dorso da mão no pescoço da criança), as mães geralmente conseguem identificar a febre em seus filhos.
Febre alta é mais perigosa?
Pode ser ou não. O mais importante é o aspecto geral do seu filho. Se a febre é baixa, mas a criança se apresenta com aspecto doentil, debilitada, a situação é mais grave. Diferentemente, uma criança com febre elevada, mas que se mostra com um bom estado geral, alegre e brincando, representa, seguramente, uma situação benigna.
Febres mais elevadas ( > 39 ºC) são potencialmente mais perigosas em recém- nascidos e menores de 3 meses de idade, devido ao maior risco de associação com infecções bacterianas graves.

É verdade que a febre alta pode causar danos ao cérebro?
Não. Exceto quando ela chega a ultrapassar a marca dos 41º C.

Toda criança com febre deve ser sempre medicada?
Não. A febre deve ser tratada apenas quando provoca desconforto ou naquelas crianças que apresentam risco de apresentarem convulsão febril (história de casos de convulsão por febre na família e idade compreendida entre 6 meses à 6 anos).

Por quê a febre dá dores no corpo?
Na verdade, não é a febre que provoca dores no corpo. Essas dores são originadas, na maioria das vezes, pelos processos infecciosos virais que originam a febre, assim como também provocam outras queixas como perda do apetite e astenia.

E por quê as dores melhoram quando meu filho toma o remédio para febre?
É porque esses medicamentos, além de serem eficazes para baixar a febre, também apresentam efeitos analgésicos, ou seja, combatem a dor.
Todas as vezes que meu filho tem febre e eu lhe dou 10 gotinhas de dipirona ou novalgina (ele pesa 10 Kg), a sua pressão cai. Por que ocorre isso?
Na realidade, o que está ocorrendo com o seu filho é uma reação de hipotermia (queda da temperatura e não da pressão arterial), devido ao emprego de uma dose elevada desse medicamento. Essa situação é muito comum entre nós, pelo hábito das mães de administrarem doses de uma gota por Kg para os seus filhos, da maioria dos medicamentos comercializados entre nós. No caso da dipirona (novalgina), a dose correta deve ser de 15 mg por cada Kg e como a apresentação comercializada apresenta 25 mg em cada gôta, a senhora está oferecendo uma dose elevada do medicamento. Para uma criança de 10 Kg, por exemplo, bastariam 7 gotinhas da dipirona.

Mas eu faço a mesma dose com o paracetamol (tylenol) e a febre demora muito a baixar!
É que a apresentação desse medicamento em gotas é diferente; cada gota apresenta apenas 10 mg ao invés das 25 mg da dipirona ou novalgina. Nesse caso, a dose administrada é um pouco menor da que o seu filho necessita (15 mg por Kg). Por isso, o medicamento não atua adequadamente.

E quando a febre volta antes de completar 6 h de eu ter dado o remédio, o que eu devo fazer?
Pode intercalar o medicamento. Ou seja, se usou a dipirona (novalgina) as 9:00 h e a febre voltou as 13:00 h, pode administrar o paracetamol (tylenol).
Não se esqueça que a ação máxima dos antitérmicos ocorre entre 1 a 2 horas após a sua administração.
É verdade que a Aspirina (AAS) não vem sendo mais recomendada no tratamento da febre em crianças?
Sim, desde há pouco mais de 10 anos, quando se descobriu que o seu uso estava associado com o surgimento de uma doença grave, com envolvimento do sistema nervoso central e do fígado (Síndrome de Reye).

Que medidas devem ser tomadas para não deixar a febre subir muito?
Aumente sempre a oferta de líquidos para o seu filho e proporcione um ambiente arejado.

Envoltórios podem ser feitos?
Envoltórios, uso de compressas e banhos mornos, habitualmente não são necessários para se baixar à febre. Nunca devem ser feitos isoladamente, sem a administração concomitante de remédios para baixar a febre.
A vantagem da utilização desses meios é a rapidez com que se consegue baixar a febre. Dessa forma, eles estão indicados para aquelas crianças que já tiveram alguma convulsão com febre ou que apresentem casos na família e estejam na faixa etária em que a febre pode desencadear convulsão, ou seja, entre 1 a 6 anos de idade.
O álcool nunca deve ser utilizado nos envoltórios, pois além de não oferecer vantagens, pode ser absorvido pela pele dos bebês e intoxicá-lo, além de provocar mal estar.
Por que geralmente as febres são mais altas durante a noite?
Porque a temperatura normal sofre uma variação normal (em torno de 1 grau), no decorrer do dia, sendo um pouco mais elevada no final do dia e início da noite e mais baixa durante a madrugada.

Teve uma vez que a temperatura do meu filho chegou a 35? C, depois dele passar 3 dias com febre alta. Como enfrentar uma situação desse tipo?
Essas situações são benignas. São habitualmente encontradas ao término de quadros infecciosos febris, nos quais a criança usou várias doses de remédios para febre. Acontecem mais no horário da madrugada.
Os pais devem procurar aquecer a criança com roupas, proporcionar um ambiente aquecido, além de procurar administrar algum líquido aquecido.

Quais as situações em que a febre representa um sinal de gravidade e se deve procurar imediatamente o serviço médico?
Quando a criança for um recém-nascido (< 28 dias) ou tiver menos de 3 meses e, independente da idade, sempre que ao lado da febre, a criança apresente sinais de que não esteja bem (abatida, prostrada, gemente). Independentemente dessas indicações, se a febre persistir por mais de 3 dias

E quais os sinais de que a febre representa uma situação benigna?
É um sinal bastante tranqüilizador quando a criança, mesmo com febre, encontra-se ativa, alerta, brincando ou sorrindo.
Também é um bom sinal, quando a criança que se encontrava um pouco abatida com a febre, fica inteiramente normal quando a temperatura é controlada.

Dr. João Guilherme

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